No mês dedicado ao amor sugerimos: vozes Eterno é este instante, o dia claro, as cores das casas desenhadas em aguada rasa, castanhos e vermelhos quase em declive, as janelas limpíssimas, de vidros muito honestos. Este instante que foi e já não é, mal pousei a caneta no papel: eterno Sonhei contigo, acordei a pensar que ainda eras, como é esta janela, como o corpo obedece a este vento quente, e é ágil, mas tudo: tão confuso como são os sonhos Agora, neste instante, recordo a sensação de estares, o toque. Não distinguo os contornos do meu sonho, não sei se era uma casa, ou um pedaço de ar. A memória limpíssima é de ti e cobriu tudo, e trouxe azul e sol a esta praça onde me sento, organizada a esquadro, como as casas E agora, o teu andar acabou de passar mesmo ao meu lado, igual, e agora multiplica-se nas mesas e cadeiras que cobrem rua e praça, e eu vejo-te no vidro à minha frente, mais real que este instante, e se Bruegel te visse, pintava-te, exatíssim